Como usar floral no inverno 2018









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Padre Júlio Lancellotti luta pelas pessoas que moram nas ruas e pelos palestinos









3 dicas de organização que melhoraram minha vida ! Por Juliana Goes



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No Le Monde, Lula explica por que quer voltar a ser presidente do Brasil



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O Ex-Presidente Lula sendo carregado nos braços do Povo algumas horas antes de se entregar aos golpistas para ser preso injustamente. 


"Eu já fui presidente e não estava nos meus planos voltar a me candidatar. Mas diante do desastre que se abate sobre povo brasileiro, minha candidatura é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos", diz o ex-presidente Lula, em artigo publicado nesta quinta-feira no jornal Le Monde.


Por Luiz Inácio Lula da Silva, no Le Monde – Sou candidato a presidente do Brasil, nas eleições de outubro, porque não cometi nenhum crime e porque sei que posso fazer o país retomar o caminho da democracia e do desenvolvimento, em benefício do nosso povo. Depois de tudo que fiz como presidente da República, tenho certeza de que posso resgatar a credibilidade do governo, sem a qual não há crescimento econômico nem a defesa dos interesses nacionais. Sou candidato para devolver aos pobres e excluídos sua dignidade, a garantia de seus direitos e a esperança de uma vida melhor.

Na minha vida nada foi fácil, mas aprendi a não desistir. Quando comecei a fazer política, mais de 40 anos atrás, não havia eleições no País, não havia direito de organização sindical e política. Enfrentamos a ditadura e criamos o Partido dos Trabalhadores, acreditando no aprofundamento da via democrática. Perdi 3 eleições presidenciais antes de ser eleito em 2002. E provei, junto com o povo, que alguém de origem popular podia ser um bom presidente. Terminei meus mandatos com 87% de aprovação popular. É o que o atual presidente do Brasil, que não foi eleito, tem de rejeição hoje.

Nos oito anos que governei o Brasil, até 2010, tivemos a maior inclusão social da história, que teve continuidade no governo da companheira Dilma Rousseff. Tiramos 36 milhões de pessoas da miséria extrema e levamos mais de 40 milhões para a classe média. Foi período de maior prestígio internacional do nosso país. Em 2009, Le Monde me indicou “homem do ano”. Recebi estas e outras homenagens, não como mérito pessoal, mas como reconhecimento à sociedade brasileira, que tinha se unido para a partir da inclusão social promover o crescimento econômico.

Sete anos depois de deixar a presidência e depois de uma campanha sistemática de difamação contra mim e meu partido, que reuniu a mais poderosa imprensa brasileira e setores do judiciário, o momento do país é outro: vivemos retrocessos democráticos, uma prolongada crise econômica, e a população mais pobre sofre, com a redução dos salários e da oferta de empregos, o aumento do custo de vida e o desmonte de programas sociais.

A cada dia mais e mais brasileiros rejeitam a agenda contra os direitos sociais do golpe parlamentar que abriu caminho para um programa neoliberal que havia perdido quatro eleições seguidas e que é incapaz de vencer nas urnas. Lidero, por ampla margem, as pesquisas de intenções de voto no Brasil porque os brasileiros sabem que o país pode ser melhor.

Lidero as pesquisas mesmo depois de ter sido preso em consequência de uma perseguição judicial que vasculhou a minha casa e dos meus filhos, minhas contas pessoais e do Instituto Lula, e não achou nenhuma prova ou crime contra mim. Um juiz notoriamente parcial me condenou a 12 anos de prisão por “atos indeterminados”. Alega, falsamente, que eu seria dono de um apartamento no qual nunca dormi, do qual nunca tive a propriedade, a posse, sequer as chaves. Para me prender, e tentar me impedir de disputar as eleições ou fazer campanha para o meu partido, tiveram que ignorar a letra expressa da constituição brasileira, em uma decisão provisória por apenas um voto de diferença entre 11 na Suprema Corte.

Mas meus problemas são pequenos perto do que sofre a população brasileira. Para tirarem o PT do poder após as eleições de 2014, não hesitaram em sabotar a economia com decisões irresponsáveis no Congresso Nacional e uma campanha de desmoralização do governo na imprensa. Em dezembro de 2014 o desemprego no Brasil era 4,7%. Hoje está em 13,1%.

A pobreza tem aumentado, a fome voltou a rondar os lares e as portas das universidades estão voltando a se fechar para os filhos da classe trabalhadora. Os investimentos em pesquisa desabaram.

O Brasil precisa reconquistar a sua soberania e os interesses nacionais. Em nosso governo, o País liderou os esforços da agenda ambiental e de combate à fome, foi convidado para todos os encontros do G-8, ajudou a articular o G-20, participou da criação dos BRICS, reunindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e da Unasul, a União dos países da América do Sul. Hoje o Brasil tornou-se um pária em política externa, que os líderes internacionais evitam visitar, e a América do Sul se fragmenta, com crises regionais cada vez mais graves e menos instrumentos diplomáticos de diálogo entre os países.

Mesmo a parte da população que apoiou a queda da presidenta Dilma Rousseff, após intensa campanha das Organizações Globo, que monopolizam a comunicação no Brasil, já percebeu que o golpe não era contra o PT. Era contra a ascensão social dos mais pobres e os direitos dos trabalhadores. Era contra o próprio Brasil.

Tenho 40 anos de vida pública. Comecei no movimento sindical. Fundei um partido político com companheiros de todo o nosso país e lutamos, junto com outras forças políticas na década de 1980, por uma Constituição democrática. Candidato a presidente, prometi, lutei e cumpri a promessa de que todo o brasileiro teria direito a três refeições por dia, para não passar fome que passei quando criança.

Governei uma das maiores economias do mundo e não aceitei pressões para apoiar a Guerra do Iraque e outras ações militares. Deixei claro que minha guerra era contra a fome e a miséria. Não submeti meu país aos interesses estrangeiros em nossas riquezas naturais.

Voltei depois do governo para o mesmo apartamento do qual saí, a menos de 1 quilômetro do Sindicato dos Metalúrgicos do da cidade de São Bernardo do Campo, onde iniciei minha vida política. Tenho honra e não irei, jamais, fazer concessões na minha luta por inocência e pela manutenção dos meus direitos políticos. Como presidente, promovi por todos os meios o combate à corrupção e não aceito que me imputem esse tipo de crime por meio de uma farsa judicial.

As eleições de outubro, que vão escolher um novo presidente, um novo congresso nacional e governadores de estado, são a chance do Brasil debater seus problemas e definir seu futuro de forma democrática, no voto, como uma nação civilizada. Mas elas só serão democráticas se todas as forças políticas puderem participar de forma livre e justa.

Eu já fui presidente e não estava nos meus planos voltar a me candidatar. Mas diante do desastre que se abate sobre povo brasileiro, minha candidatura é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos.


Artigo originalmente publicado pelo jornal francês Le Monde. Acesse a versão original.



Postado em Brasil247 em 17/05/2018


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Lula no centro da foto, no meio do Povo, horas antes da prisão injusta 
decretada pelos golpistas



Porquê Lula está preso











6 coisas que é melhor manter em segredo, segundo o hinduísmo



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O hinduísmo nos ensina uma maneira de nos comportarmos diante da vida e um senso de responsabilidade mostrando que o silêncio, às vezes, é o nosso melhor aliado. Assim, há coisas que é melhor manter em segredo, aspectos sobre as nossas aspirações, essências e realizações que fazem parte da nossa privacidade, dessa sala delimitada pela sábia reserva pessoal.

Algo que ouvimos frequentemente sobre a filosofia hindu é que ela é um convite direto para repensarmos a nossa existência, para refletirmos sobre a vida através de outro prisma, muito mais amplo e, ao mesmo tempo, responsável. O objetivo final desta religião, especialmente na Índia e no Nepal, é orientar o ser humano no caminho da libertação, de forma que os nossos pensamentos, emoções, ações e palavras nos tragam serenidade, um estado de consciência onde tudo está em harmonia.

Dentro de todas essas correntes com uma essência espiritual, é muito comum encontrarmos uma série de recomendações que devem ser seguidas para atingirmos o equilíbrio interno, bem-estar e tranquilidade. O hinduísmo representa a essência de várias doutrinas, que nos orientam sobre o que não devemos fazer, o que é melhor evitar ou restringir.

Não podemos esquecer que, dentro desse quadro filosófico, cada ação tem o seu efeito, a sua consequência. Um bom hinduísta, por exemplo, é aquela pessoa que sabe qual é o seu dever, qual é a sua responsabilidade, esse “Dharma” onde todo o progresso material tem a sua transcendência espiritual e o vínculo que moldará a verdadeira felicidade nesta vida e na próxima reencarnação. Portanto, é interessante saber quais são as coisas que é melhor manter em segredo, favorecendo esse senso de responsabilidade com nós mesmos e com os outros.

1. Não dê atenção aos boatos, fofocas ou comentários negativos sobre terceiros

Se alguém nos conta um boato, faz um comentário depreciativo sobre outra pessoa, uma crítica ofensiva sobre o comportamento dos outros, é melhor ignorar e não repassar para outras pessoas. Seja o muro que contém a negatividade e o insulto sem sentido. É bom lembrar mais uma vez o filtro triplo de Sócrates, isto é, se a informação que chega não é boa, nem útil, nem verdadeira, é apropriado não validá-la e deixá-la esquecida no canto do silêncio.

“Antes de julgar uma pessoa, caminhe três luas com os seus sapatos”.     –  Provérbio hindu –

2. Coisas que é melhor manter em segredo: os seus projetos

Se você tiver um sonho, um objetivo, um projeto pessoal, seja prudente. Não diga aos outros antes da hora, caminhe calmamente e seja cauteloso, é melhor não se apressar. Deixe esses planos amadurecerem e se tornarem realidade.

Às vezes, quando contamos um desejo ou um objetivo, algumas pessoas ao invés de compartilhar a nossa alegria, nos presenteiam com o seu ceticismo ou pior, com as suas críticas. Portanto, não hesite em manter em segredo essas metas pessoais que você sonha alcançar.

3. As suas conquistas emocionais: os momentos em que você foi seu próprio herói

Só você conhece as batalhas que ganhou, as lutas pessoais que superou para provar a si mesmo que era capaz, que merecia o sucesso. Às vezes, o ser humano é forçado a evitar pedras no caminho que só ele entende (uma decepção, uma mentira, um abandono, uma frustração…) São histórias feitas de uma dureza delicada que nos esculpem, deixam marcas, mas que, por sua vez, extraíram o melhor de nós.

Essas vitórias, as mais íntimas, muitas vezes pertencem à nossa área privada. Quando você as diz em voz alta, elas perdem a transcendência, não são entendidas ou são interpretadas de maneira equívoca, como se nas nossas palavras houvesse alguma arrogância.

4. As intimidades da sua família

Se há aspectos que, sem dúvida, devemos manter em segredo, são as privacidades da nossa própria casa, da nossa própria família, do próprio casal.Isso tudo pertence apenas a nós mesmos: são dinâmicas, legados, situações e vínculos que não devem ser ditos em voz alta como se alguém soprasse um dente-de-leão ao vento.

Somente quando a situação requer ou se o objetivo final é receber ajuda para melhorar a qualidade desses vínculos poderemos discutir com terceiros a nossa intimidade. No entanto, precisamos ser prudentes e escolher com cautela em quem confiar.

5. Os seus atos de bondade

Outro aspecto da nossa vida que é melhor manter o segredo são as nossas boas ações, os nossos atos de nobreza. A bondade não precisa de espectadores, as boas ações não precisam ser publicadas em cartazes ou luzes de neon, nem é menos real quando não há olhares nos observando.

A verdadeira bondade é aquela que não se vê, que é praticada discretamente com atos que se somam, em grandes feitos e nas situações mais anônimas.

6. As suas carências

Há pessoas que se fixam no que lhes falta, ficam obcecadas com o que não têm e não conseguem ver o quanto elas são afortunadas.

Não aja dessa forma. É melhor manter em segredo aquilo que você não possui. Se você não tem um telefone celular de última geração, fique em silêncio, você pode estar com alguém que não pode se dar ao luxo de ter um, por mais simples que seja. Se você não tem um parceiro, não tem a casa dos seus sonhos, não pode viajar nas férias, não se lamente, não reclame tanto como se essa falta fosse a causa da sua infelicidade.

Às vezes, lamentamos não ter coisas que não são realmente importantes.

“Os fatores externos são incapazes de trazer felicidade plena ao coração do homem”.    –  Provérbio hindu  –

Para concluir, a sabedoria hindu nos fornece conselhos que de algum modo todos nós já pensamos alguma vez na vida. Na realidade, trata-se apenas de aplicar essa arte enriquecedora que é cada vez mais rara no mundo atual: a prudência, a reserva e o respeito alheio.

Portanto, não se esqueça disso: cada ato tem as suas consequências. Então, sejamos um pouco mais reflexivos e procuremos entender que o silêncio muitas vezes é o lugar mais adequado para manter certas palavras, certos sonhos e pensamentos. Afinal, um pouquinho de segredo nestes tempos em que quase tudo vai parar nas redes sociais certamente não nos fará mal.





Elogio a Marx, no 125º aniversário de sua morte



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Francisco Fernández Buey

Para os que continuam vendo o mundo do andar de baixo, como os olhos dos desgraçados, dos escravos, dos proletários, dos humilhados e ofendidos da Terra, Marx continua tão vigente como Shakespeare ou Cervantes para os amantes da literatura. E há razões para isso.

Embora hoje não se leia tanto Marx como se lia há algumas décadas, as pessoas cultas consultadas na Inglaterra, o país em que o pensador viveu durante grande parte da sua vida e onde morreu, ainda o consideram o filósofo mais importante da história. Para um paradoxo, porque, falando com propriedade, como recordava há pouco Toni Domènech, Marx foi mais científico social que filósofo. E depois porque essa consideração choca com o que muitos intelectuais incubados pelos principais meios de manipulação de massas vêm dizendo nos últimos tempos sobre o marxismo.


Mas, certamente, esse paradoxo tem uma explicação: a maioria das pessoas cultas sabem hoje que a filosofia vem se mundanizando, que o filosofar do nosso tempo é inseparável da ciência social, e que Marx foi precisamente um dos primeiros pensadores em chamar a atenção, ainda no Século XIX, sobre a importância dessas coisas. Se compreende, portanto, a valorização de sua filosofia, aquela filosofia da práxis elaborada por Marx, em conexão com a economia, a sociologia e a teoria política.


Ademais, para os novos escravos da época da economia global (que, segundo estatísticas recentes, andarão rondando os cem milhões), para os proletários que estão obrigados a ver o mundo desde o andar de baixo (um terço da humanidade) e para outros quantos milhões de pessoas sensíveis que, sem ser pobres ou proletários, decidiram olhar o mundo com os olhos destes outros (e sofrê-lo com eles), o velho Marx ainda tem coisas que dizer. Mesmo depois de seu busto cair dos pedestais de culto construídos pelos adoradores de outros tempos.


Que coisas são essas? O que ficou vigente na obra do velho Marx depois que o até aqueles que haviam construído estados e partidos em seu nome?


Embora Marx seja já um clássico do pensamento socioeconômico e do pensamento político, ainda não é possível responder essas perguntas agradando a todos, como as responderíamos, talvez, no caso de algum outro clássico literário. E não é possível porque Marx foi um clássico com um ponto de vista muito explícito, numa das coisas que mais dividem os mortais: a valorização das lutas entre as classes sociais.


Isso obriga a uma restrição quando se quer falar do que ainda há de vigente em Marx. E a restrição é grossa. Falaremos de vigência só para os que continuam vendo o mundo do andar de baixo, como os olhos dos desgraçados, dos escravos, dos proletários, dos humilhados e ofendidos da Terra. Não é preciso ser marxista para ter esse olhar, obviamente. Bastaria ter algo que não anda sobrando ultimamente: compaixão para com as vítimas da globalização neoliberal (que é, ao mesmo tempo, capitalista, pré-capitalista e pós-moderna). Mas algo de marxismo continua fazendo falta para passar da compaixão à ação racionalmente fundada.


Para quem pensa assim, embora nem sempre tenha voz, Marx continua tão vigente como Shakespeare ou Cervantes para os amantes da literatura. E há razões para isso. Vou dar aqui algumas dessas razões, porque esses seres sem nome que, em geral, só aparecem em nossos meios em forma de estatísticas e nas páginas policiais.


Marx disse que o capitalismo criou, pela primeira vez na história, a base técnica para a liberação da humanidade. Entretanto, por sua mesma lógica interna, este sistema ameaça transformar as forças de produção em forças de destruição. O capitalismo vem mudando em muitos aspectos substanciais, mas aquelas ameaças se mantêm ainda mais visíveis.


Marx disse que todo progresso da agricultura capitalista é um progresso não só na arte de depredar o trabalhador como também, e o mesmo tempo, na arte de depredar o solo, e que todo o progresso no aumento da fecundidade da terra para um prazo determinado é, ao mesmo tempo, um “progresso” na ruína das fontes duradouras dessa fecundidade. Agora, graças à ecologia e o ecologismo social, sabemos mais sobre essa ambivalência, mas os milhões de camponeses proletarizados que sofrem por ela no mundo têm aumentado.


Marx disse que a causa principal da ameaça que transforma as forças produtivas em forças destrutivas, e que mina as fontes de toda riqueza, é a lógica do benefício privado, a tendência a valorizar tudo e transformá-lo em dinheiro e viver nas “gélidas águas do cálculo egoísta”. Milhões de seres humanos, na África, Ásia e América experimentam hoje que essas águas são piores, em todos os sentidos (não só o metafórico), do que há alguns anos. Isso é confirmado pelos informes anuais da ONU e outros organismos internacionais sobre a situação mundial.


Marx disse que o caráter ambivalente do progresso técnico científico se acentua de tal maneira sob o capitalismo que obscurece as consciências dos homens, aliena o trabalhador em primeira instância e a grande parte da espécie por derivação, e que neste sistema “as vitórias da ciência parecem pagar com a perda de caráter e com a submissão dos homens por outros homens, ou por sua própria vileza”. Disse com pesar, porque ele era um amante da ciência e da técnica. Mas, pelo que vemos no Século XX, também nisso acertou.


Marx disse que a obscuridade da consciência e a extensão das alienações produzem a cristalização repetitiva das formas ideológicas da cultura, em particular de duas das suas formas: a legitimação positivista e acrítica do existente e a nostalgia romântica e religiosa. Folheando os periódicos do nosso tempo, vejo os pobres divididos essas duas situações: repetindo que vivemos no melhor dos mundos possíveis ou brigando com papas, emires e pastores que condenam os anticoncepcionais na época da aids, enquanto consomem milhões de porcarias.


Marx disse que para acabar com essa exasperante roda gigante das formas ideológicas, repetitivas e alienantes da cultura burguesa era preciso uma revolução e outra cultura. Não disse nem por amor à violência nem por desprezo da alta cultura burguesa, e sim com as convicções próprias do historiador – a saber: que os de cima não cederão graciosamente os privilégios alcançados, e que os de baixo também têm direito à cultura. Não foi o único em dizer isso, mas foi o que melhor e mais claramente o expressou em seu tempo.


Como Marx só conheceu o começo da globalização capitalista e era também um tanto eurocêntrico, quando falava de revolução pensava na Europa. E quando falava de cultura pensava na proletarização da cultura ilustrada. Agora, para falar com propriedade, deveria falar da necessidade de uma revolução mundial, não só europeia. E para falar de cultura, teria que considerar o que tem de bom nas culturas dos povos que ele considerava “sem história”. Talvez porque o momento não permite falar sério disso – ou porque o que seguiu as revoluções desonrou o pensamento de Marx –, se vê muita gente hoje voltando seus olhos novamente às religiões, as quais continuam sendo algo parecido ao que Marx pensava delas: o suspiro da criatura abrumada, o sentimento de um mundo sem coração, o espírito dos tempos sem espírito.


Essa visão científico-filosófica sobre o mundo analisado pelo andar de baixo é parte do que depois se chamaria materialismo histórico. Não há dúvidas de que, como Homero, Marx também cochilava às vezes, e nesses tantos cedia, como disse, aos vacilos eurocentristas. Tampouco se pode ignorar que em seu nome já foram feitas muitas barbaridades. Mas o que fizeram outros em seu nome é coisa desses outros. Tampouco há dúvidas sobre as outras visões que surgiram após a sua morte, talvez mais laicas e mais finamente expressadas. A pergunta, dois séculos depois, poderia ser esta: nós produzimos, nesse período, algo que dê mais esperança aos que não têm nada? E se não o fizemos, o que tem de estranho o fato de que até mesmo no clássico refúgio do capitalismo (o liberalismo e o republicanismo moderno) se pense agora, diferente do que pensam os letratenentes, que Marx foi o maior filósofo da história? Não será que os anônimos a quem se pede opinião agora entenderam melhor que os letratenentes o que significa filosofia mundanizada? – ou seja, diminuir a importância do velho filosofar e voltar a vê-lo “pobre e desnudo”, como queria Dante.

* Texto escrito por Francisco Fernández Buey em 2008, em seu livro Marx a contracorriente.



Postado em Carta Maior em 10/05/2018



Karl Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista.





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