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Não nos mande flores



Resultado de imagem para mulheres 8 de março brasilia 2020



Liana Cirne Lins

Dia da Mulher não é dia de flores e bombons. Não é dia de parabéns.

Porque o Dia da Mulher é dia de luta até no nome: Dia Internacional de Luta das Mulheres, principal data da agenda feminista mundial.

Com mulheres no plural, porque o feminismo não se realiza se não for para todas as mulheres, médica, juíza, empresária, faxineira, balconista. E o feminismo tem que dar as mãos principalmente para as mulheres que estão na base da sociedade, pretas e periféricas.

Não queremos bombom. Queremos o fim da divisão sexual do trabalho, a exploração não remunerada do nosso tempo de trabalho dedicado aos serviços domésticos, administração da casa, organização do lar.

Queremos o fim da exploração do nosso tempo de trabalho para criação e educação dos filhos e filhas.

Educar exige tempo, além de amor e dedicação. E esse tempo precisa ser dividido de modo justo e equânime entre mães e pais.

Não é natural que homens cumpram menos atividades relativas aos filhos e filhas porque estão fazendo inglês, ou pós-graduação, ou viajando a trabalho, ou trabalhando para concluir um relatório, enquanto a mulher não pode fazer uma pós-graduação, aprender outra língua, viajar a trabalho e receber uma promoção porque tem boa parte do seu tempo dedicado a cumprir, sozinha, as tarefas que deveriam ser divididas equanimemente entre os dois.

Não é natural.

Então não nos mande flores.

Porque as flores nós temos usado para velar as mulheres que foram assassinadas pelos companheiros ou ex-companheiros, cujos corpos servem de estatística para o Brasil ser o quinto país no ranking mundial do feminicídio.

A cada uma hora e meia uma mulher é vítima de violência doméstica. E não temos estatísticas sobre a violência moral.

O homem que dá o bombom é o mesmo que diz que a mulher está gorda, feia, velha, que olha para outras mulheres como forma de acinte, para que sua companheira se sinta diminuída e tenho seu ego destruído a cada golpe de palavra.

E enquanto você está lendo esse texto, mais uma mulher foi estuprada, nesse relógio doentio que registra um estupro a cada onze minutos.

Não nos mande flores.

Se você acha que a esquerda tem que se unir em torno de figuras machistas e racistas, insensíveis ao feminismo antirracista, e que a "esquerda identitária" (sic) é o novo fascismo (sic). Se você não entende que nada une mais a direita e a esquerda do que o racismo e o machismo, não nos mande flores.

A gente não quer essas flores, nem estar nesse tipo de ex-querda que aceita nos ver mortas, estupradas, exploradas e submissas.

Não nos mande flores.

Nos ouça mais, não nos interrompa, não se aproprie de nossas ideias, respeite que não é não, entenda que não ser desejado por uma mulher faz parte da vida, divida com justiça o tempo de educação dos filhos e da casa, não minimize a importância da nossa luta política e venha fazer parte desta luta, respeitando nosso protagonismo.

Estamos nas ruas, marchando por transformação. E as flores que cabem nessa marcha somos nós, que somos a própria primavera feminista.


     

Liana Cirne Lins   Professora da Faculdade de Direito da UFPE





Elas nunca fraquejaram

Fernando Brito 

Um sujeito que se refere à filha mais nova como resultado de “uma fraquejada” não precisa e mais nada para sublinhar sua misoginia.

Mais que ninguém, porém, as mulheres provaram o quanto são fortes, sendo sempre a maior resistência àquele que pregava o ódio e a intolerância. 

É bom lembrar que as últimas pesquisas de 2018, mesmo com toda a “onda” bolsonarista, indicavam que as mulheres rejeitavam mais que aprovavam o candidato.

Portanto, se ele está lá, a culpa é nossa, os homens, entre os quais a maioria tolerou – quando não apoiou – um homem que odeia as mulheres.

A luta feminina pela igualdade de direitos – na educação, no trabalho, na vida social, na liberdade, na escolha política (o voto feminino nem 100 anos tem aqui) – e por ser soberana sobre seu próprio corpo vem de longe e não terminará tão cedo.

Até mesmo no direito à vida, porque há dois anos tergiversam sobre quem matou e manou matar uma delas, Marielle Franco.

Mas hoje são as mulheres que precisam que os homens que de uma delas vieram não deem nenhuma fraquejada – sem aspas – e se somem à resistência contra o assédio indevido, a opressão e a agressão às mulheres, patrocinadas por esta gente que assaltou o poder em nosso país.















E se os homens fossem assediados como as mulheres no dia a dia ?



Já pensou como seria se homens fossem assediados da mesma forma que são as mulheres no cotidiano? 

Experimento (vídeo) revela a reação dos homens e estimula a reflexão sobre o assédio às mulheres. 


A comunidade pró-sororidade Vamos Juntas postou nesta quarta-feira (2) no Facebook um vídeo (assista abaixo) que nos faz refletir sobre o assédio às mulheres. A gravação foi feita pelo comediante francês e youtuber Grégory Guillotin

Em um shopping em Paris, ele e outro ator acariciam as mãos de homens heterossexuais na escada rolante.

A reação dos homens vítimas do assédio fictício é, em geral, de revolta. Muitos fazem gestos de que estão dispostos a partir para a briga, como se quisessem enfatizar sua masculinidade. 

Um dos acariciados chega a perseguir o “agressor”, mas desiste após a pegadinha ser revelada. 

Apesar de ser uma brincadeira, a armação de Guillotin mostra como o assédio a homens é algo tratado como impensável e passível de enfrentamento imediato por eles.

Para muitas mulheres, esse tipo de abordagem foi aceito durante bastante tempo sem qualquer rejeição — simplesmente por medo. 

Na comunidade Vamos Juntas, algumas das mensagens de mulheres são: 

“Sabe o que é engraçado? TODOS ficaram encarando o cara até o fim da escada rolante. Enquanto, nós, mulheres, a primeira reação é baixar a cabeça e fingir que não estamos vendo ou ouvindo porque temos MEDO de ‘enfrentar’ homens, com receio de que eles partam pra cima da gente. É nítido como eles oprimem. Triste.” — Bruna Sales 

“Acho que pediram para isso acontecer, afinal deixaram a mão exposta para isso. Da próxima vez deixem as mãos no bolso e parem de mimimi.” — Flávia Montagner 

“Se usassem roupas mais comportadas e luvas nas mãos, isso não tinha acontecido.” — Nicki Biersack



 


Postado no Pragmatismo Político em 03/03/2016


Simone de Beauvoir: o que é ser mulher?


Hoje é o aniversário de 
Simone de Beauvoir. Se estivesse viva, ela faria 104 anos. É dela uma das principais frases do movimento feminista: “Não se nasce mulher, torna-se mulher.” A mulher não tem um destino biológico, ela é formada dentro de uma cultura que define qual o seu papel no seio da sociedade. As mulheres, durante muito tempo, ficaram aprisionadas ao papel de mãe e esposa, sendo a outra opção o convento. Porém, a própria Simone rompe com esse destino feminino e faz de sua vida algo completamente diferente do esperado para uma mulher.

Simone de Beauvoir. Foto de Rex Features/Sipa Press
Nascida em uma família da alta burguesia francesa, Simone era a mais velha de duas filhas. Durante sua infância a família faliu e, por considerar que as filhas não conseguiriam bons casamentos, pois não havia dinheiro para um bom dote, George de Beauvoir se convenceu de que somente o sucesso acadêmico poderia tirar as filhas da pobreza. De fato, Simone de Beauvoir teve mais poder de escolha que muitas mulheres de sua época. A educação e o desenvolvimento acadêmico são até hoje maneiras de forjar mulheres mais independentes, que rompem com os padrões de sua época. Ela faz uma crítica aos valores burgueses nos quais foi criada no livro “Memórias de uma moça bem comportada”.
Simone de Beauvoir tinha 41 anos quando publicou “O Segundo Sexo”, em 1949. Já naquela época a obra levantou inúmeras polêmicas. Uma das principais acusações é que Simone ridicularizava os homens. Isso é uma acusação que muitos usam contra o feminismo. Porém, as pessoas parecem não querer compreender o que realmente se passa na vida das mulheres e como todo o poder está concentrado nas mãos dos homens. “O Segundo Sexo” não é uma fonte historiografica para conhecer a história da mulher desde a antiguidade. É uma obra de inspiração, fundamental para descortinar a maneira pela qual as mulheres são criadas justamente para serem menos que os homens. Você pode baixar “O Segundo Sexo” em .pdf no blog Livros Feministas.
Lendo algumas das críticas que foram feitas a “O Segundo Sexo”, muitas parecem absurdas, mas ainda lemos opiniões conservadoras e moralizantes em diversos cadernos de opinião da mídia brasileira, especialmente quando se trata da sexualidade feminina. Entre seus críticos estava François Mauriac, escritor francês, que em uma de suas enquetes no Figaro Littéraire perguntou: “Estaria a iniciação sexual da mulher no seu devido lugar no sumário de uma revista literária e filosófica séria?” A questão dividiu os intelectuais. Para muitos “O Segundo Sexo” é um “manual de egoísmo erótico,” recheado de “ousadias pornográficas”; não passa de “uma visão erótica do universo”, um manifesto de “egoísmo sexual.” Jean Kanapa insiste: “Mas sim, pornografia. Não a boa e saudável sacanagem, nem o erotismo picante e ligeiro, mas a baixa descrição licenciosa, a obscenidade que revolta o coração.” A polêmica mistura tudo. A contracepção e o aborto são ligados nas mesmas frases às neuroses, ao vício, à perversidade, e à homossexualidade. Segundo uma carta da enquete, “a literatura de hoje é uma literatura de esnobes, de neuróticos e de impotentes.” Claude Delmas deplora “a publicação por Simone de Beauvoir dessa enjoativa apologia da inversão sexual e do aborto.” Pierre de Boisdeffre em Liberté de l’ésprit assinala “o sucesso de O Segundo Sexo junto aos invertidos e excitados de todo tipo.” Leia mais em O Auê do Segundo Sexo de Sylvie Chaperon, publicado no Cadernos Pagu 12, de 1999.
Capa da edição brasileira de 2009 do livro O Segundo Sexo.
Nenhuma obra, literária ou acadêmica, de Simone de Beauvoir foi recebida com indiferença. Sua principal contribuição é sempre propor a discussão democrática e as rupturas das estruturas psíquicas, sociais e políticas. Por ser escrito por uma mulher e para mulheres, “O Segundo Sexo” levanta diversas questões, até mesmo no meio literário. Há muito tempo a literatura classificada como feminina é sinônimo de textos sem grande aprofundamento teórico. Além disso, não era comum tratar de assuntos como sexualidade, maternidade e identidades sexuais, mesmo na França do pós-guerra.
Em 2009, Fernanda Montenegro estreou a peça “Viver Sem Tempos Mortos”, baseada nas cartas autobiográficas de Simone de Beauvoir. A temporada de 2011 foi encerrada em dezembro, mas há a possibilidade da peça reestrear novamente no futuro. Em entrevista a Revista Bravo, Fernanda Montenegro respondeu algumas perguntas sobre sua relação com a obra de Beauvoir:
Qual o primeiro livro dela que você leu?
Foi O Segundo Sexo, que saiu em 1949 e se transformou num clássico da literatura feminista, sobretudo por apregoar que as mulheres não nascem mulheres, mas se tornam mulheres. Ou melhor: que as características associadas tradicionalmente à condição feminina derivam menos de imposições da natureza e mais de mitos disseminados pela cultura. O livro, portanto, colocava em xeque a maneira como os homens olhavam as mulheres e como as próprias mulheres se enxergavam. Tais ideias, avassaladoras, incendiaram os jovens de minha geração e nortearam as nossas discussões cotidianas. Falávamos daquilo em todo canto, nos identificávamos com aquelas análises. Simone, no fundo, organizou pensamentos e sensações que já circulavam entre nós. Contribuiu, assim, para mudar concretamente as nossas trajetórias.
De que modo alterou a sua?
Sou descendente de italianos e portugueses, um pessoal muito simples, muito batalhador, e me criei nos subúrbios cariocas. Desde cedo, conheci mulheres que trabalhavam. E reparei que, entre os operários, na briga pela sobrevivência, os melindres do feminino e as prepotências do masculino se diluíam. Era necessário tocar o barco, garantir o sustento da família sem dar bola para certos pudores burgueses. Nesse sentido, a pregação feminista de que as mulheres deviam ir à luta profissionalmente não me impressionou tanto. Um outro conceito me seduziu bem mais: o da liberdade. A noção de que tínhamos direito às nossas próprias vidas, de que poderíamos escolher o nosso rumo e de que a nossa sexualidade nos pertencia. Eis o ponto em que o livro de Simone me fisgou profundamente. Lembro-me de quando vi pela primeira vez a cena da bomba atômica explodindo. Ou de quando me mostraram as imagens dos campos de concentração nazistas. O impacto negativo que aquilo me causou foi parecido com o impacto positivo que O Segundo Sexo exerceu sobre mim. Garota, já suspeitava que não herdaria o legado de minha mãe e de minhas avós, que não caminharia à sombra masculina. O livro de Simone me trouxe os argumentos para levar a suspeita adiante. Continue lendo em A vida é um demorado adeus.
Justamente por ter uma lógica própria de se colocar no mundo, Simone decidiu escrever “O Segundo Sexo” ao perceber que nunca havia se perguntado: o que é ser mulher? Essa continua sendo uma pergunta atual, que deve ser feita por todas nós em algum momento da vida.
[+] Vídeos – Arquivo N, programa da Globo News especial sobre Simone de Beauvoir com entrevistas, imagens e declarações: Parte 1parte 2 e parte 3.
[+] Não nasci mulher, e você? – Texto de Mari Moscou
[+] Parabéns, Querida Simone! Sempre! – Texto de Suely Oliveira

Srta. Bia

Uma feminista lambateira tropical.
Postado no Blog Blogueiras Feministas em 09/01/2012


Independência e Autonomia Femininas

Por Ana Paula Vosne Martins



Passos para uma relação mais igualitária


Há uma distinção entre libertação e autonomia. A libertação refere-se a uma ação que visa romper com uma condição negativa, geralmente de subalternidade e inferioridade. A libertação faz parte de um movimento que pode ser sócio-histórico ou individual visando alcançar independência, capacidade de se auto-governar, liberdade. 



Já a autonomia é um estado que não precisa estar relacionado com o movimento de ruptura com uma ordem anterior de dominação. A autonomia  exige consciência, capacidade de escolha, liberdade de pensamento e de ação, enfim, uma atitude em relação a si e ao mundo que não é de oposição a uma situação negativa, mas de afirmação de si na relação com o mundo e com os outros. 



Em nossa sociedade percebo que as mulheres se libertaram de uma condição de subalternidade social, jurídica e política, mas não chegaram à autonomia enquanto indivíduos. Indivíduos autônomos não são dependentes, o que parece óbvio, mas infelizmente não é. 



Não quero dizer que somente as mulheres são dependentes, pois os homens também o são de diversas maneiras, contudo gostaria de refletir sobre esta especificidade da dependência feminina. Está claro que não me refiro à dependência econômica, mas à dependência das expectativas masculinas; a esta necessidade de adequação a um modelo feminino estereotipado que agrade os homens, como se tudo dependesse disto. 



É esta dependência que infantiliza as mulheres de diferentes classes sociais e níveis de escolaridade, pois não se trata de um fenômeno de classe, mas cultural. Tal condição se sustenta em arraigados valores e crenças que opõem homens e mulheres como se fossem indivíduos de mundos diferentes – talvez seja por isso que livros de auto-ajuda que tratam das relações de gênero façam tanto sucesso, pois só reafirmam esta oposição e dão conselhos para “lidar” melhor com ela ou tirar vantagens.



É esta pretensa autoridade masculina em julgar e dizer o que é melhor, o que é mais adequado e desejável que precisa ser enfrentada pelas mulheres. No entanto, tal atitude desmistificadora demanda mulheres autônomas, que sejam corajosas, que tenham auto-estima e tudo isto não vem de graça ou é concedido por alguém ou alguma instituição: é fruto de ação assertiva e de consciência e isto só se conquista coletivamente, ou seja, por uma educação para a autonomia.



Diferenças de comportamento na hora de encontrar o parceiro



Penso que a necessidade afetiva de encontrar alguém com quem se possa viver e compartilhar dores e amores é igual para homens e mulheres, pois ambos são seres racionais e emocionais. O que faz parecer que os homens ajam de forma mais “natural” em relação a esta necessidade são os modelos de masculinidade construídos histórica e culturalmente. 



Nossa cultura ainda reforça muito a necessidade e a dependência feminina dos homens, como se a existência das mulheres dependesse da presença do homem em suas vidas. Isso nos faz pensar por que, por tanto tempo, as mulheres solteiras foram alvo de piedade ou de zombarias, muito mais que os homens solteiros; por que o casamento é ainda cercado de fantasias românticas para as mulheres muito mais do que é para os homens; enfim, tantos outros exemplos que poderíamos lembrar aqui de uma assimetria notável entre as expectativas femininas e masculinas no que diz respeito às relações amorosas. 



É preciso encarar que estas assimetrias nada têm de natural ou de instinto. As mulheres não têm um instinto gregário mais forte do que os homens, mas elas são educadas desde muito pequenas a desejar viver com um homem e a ter filhos com ele sob certas condições, a partir de um modelo muito limitado: mães têm filhos e cuidam deles; pais fazem filhos e os sustentam; maridos cuidam de suas esposas e estas devem fazer por merecer tais cuidados e atenções.



Não há nada de errado em desejar ser mãe e ter filhos, pelo contrário, se for um desejo nada melhor e mais satisfatório que ele se realize. A questão que se coloca hoje para as mulheres é a limitação de suas vidas a este modelo; é achar que toda a felicidade deste mundo se resume a certas fantasias, pois no mundo real homens e mulheres não agem conforme os príncipes e as princesas dos contos infantis. São o que são, seres contraditórios e imperfeitos; e o nosso desafio é romper com as fantasias e os modelos infantilizados de masculinidade e feminilidade para vivermos relações mais igualitárias.



OBS: Ana Paula Vosne Martins é doutora em História pela UNICAMP, com pós-doutorado pela Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ e uma das coordenadoras do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal do Paraná. É também autora dos livros “Visões do feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX” (Editora Fiocruz)  e “Um lar em terra estranha” (Ed. Aos Quatro Ventos)


Postado no Blog Educa