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Reciclagem de lixo eletrônico e inclusão digital


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Sabe aquele computador velho que aparentemente não tem mais utilidade? Ele pode ganhar vida nova nas mãos de jovens que participam das oficinas do Centro de Recondicionamento de Computadores.

Esta ação social para a inclusão digital seleciona alunos, acima de 16 anos e em situação de vulnerabilidade social, que recebem aulas de software em um ônibus-escola.

No segundo módulo, após ser avaliado o desempenho dos educandos no manejo de programas básicos de computação, os que tiveram melhor desempenho aprendem noções de hardware, e, enfim, como montar máquinas reutilizando componentes usados.

O Centro de Recondicionamento de Computadores é um projeto coordenado pela Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital do Governo do Estado do RS, executado pela Rede Maristas, com patrocínio do do Banrisul e integra o programa RS Mais Digital, que visa ampliar o acesso à internet da população e desta forma integrar governo e sociedade.

Formação cidadã e alternativa de renda


Guilherme Trindade é orientador das quatro turmas que estão em curso no ônibus- estacionado próximo ao Colégio Alcebíades Azeredo dos Santos, na Vila Cecílha, município de Viamão.

Guilherme aprendeu informática da mesma forma que agora ensina, nas oficinas do CRC. “No início nem tinha vontade de fazer o curso, meu padrinho que ficou sabendo e incentivou-me”.

Agora, o jovem que há pouco era um educando, compartilha seu conhecimento. “Não tinha expectativa de estar dando aula de informática. Com o aprendizado que tive nas oficinas, faço manutenções de computadores em casa e consegui uma renda.” relata.

Aluno de Guilherme, Rafael da Silva Prestes, morador da vila Julia, diz que o as oficinas também está contribuindo para seu desempenho na escola.

Estudante do 1º ano do Ensino Fundamental, ele relata que não sabia usar recursos básicos, como um editor de textos e agora já projeta conseguir um emprego. “Quero me dedicar bastante, desenvolver o conhecimento de hardware e montar novos computadores. É uma formação boa para nosso futuro, quem sabe consigo um emprego, como muitos que já passaram por aqui conseguiram”, relata com um olhar esperançoso no infinito.


Entre o período do início do projeto, março de 2013, a janeiro de 2014 está prevista a formação de mais de mil jovens em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e a recuperação de dois mil computadores. 

Nessa primeira fase, o projeto tem foco na região Metropolitana de Porto Alegre.

A secretária de Comunicação e Inclusão Digital do Estado, Vera Spolidoro, frisa que um dos objetivos dos CRCs é  contribuir para a formação da cidadania por meio da inclusão digital. “Além de criar novas oportunidades de emprego e formar pessoas que tenham domínio da máquina, as oficinas são uma política de inclusão social”.

Os cursos do Centro de Recondicionamento de Computadores são todos gratuitos. 

Os computadores montados pelos jovens são doados para instituições que necessitam de auxílio, como escolas, creches e organizações que promovem a inclusão social.

Texto: Josias Bervanger

Fotos: Josias Bervanger e Guilherme Trindade

Postado no site Conexões Globais em Abril/2013



Maldita inclusão digital?


O “maldita inclusão digital” já virou uma expressão com vida própria. Ela é uma maneira rápida de mostrar desagrado diante de um texto mal escrito, uma montagem brega no youtube ou qualquer outra coisa que denuncie um gosto ou origem mais popular. Quem usa acha que disse tudo numa tacada só: reconhece algo mais popular quando o vê, sabe do recente aumento da capacidade de consumo, se declara como parte de uma classe que estava aqui muito antes e que lamenta a entrada de novos membros. O que ele consegue, na verdade, é ser preconceituoso.
Essa inclusão é maldita, é algo a se lamentar? Lamentar a inclusão digital é desejar que as distâncias sociais continuem tão profundas como eram antigamente; que os de origem diferente (inferior?) nem de longe possa frequentar os mesmos lugares dos de origem igual (superior?), nem ao menos os espaços virtuais. Qualquer coisa diferente do que seria a maneira correta de escrever e gostar é punida, é motivo de chacota. Pelo jeito, a igualdade social é admirada apenas quando praticada nos outros países.
Eu também me incomodo quando leio um “quizer” por aí. Mas se eu tivesse que eleger o maior problema da vida virtual, nem pensaria em citar esses erros. Aqui há tanta oferta de qualidade que só lê coisa ruim quem quer. O que realmente me incomoda aqui é a agressividade – cada dia maior e mais gratuita. E não adianta dizer que a culpa é “deles”. Qualquer um que escreva errado por aqui é massacrado, nem que seja apenas por um erro de digitação. A agressividade que eu vejo é justamente daqueles que se acham mais cultos, mais escolarizados e, por isso, superiores aos outros.
Eu vejo no lamento pela inclusão digital um ranço escravocrata, um desprezo íntimo que todos nós aprendemos a ter por aqueles que ganham a vida com o trabalho braçal. Ele vem de uma classe média que sempre se sentiu muito mais rica do que realmente era, e agora se sente empobrecida ao encarar a realidade. Se existe uma diferença cultural tão marcante é porque nunca houve interesse em diminuir as distâncias sociais, apenas em aumentá-las. Isso não passa apenas pela esfera política, ela diz respeito à maneira de falar, de se vestir, de tratar o outro.
Existe sim uma maneira correta de escrever “quizer” e todas as outras regras gramaticais. Fora isso, quase tudo o que torna a inclusão social “maldita” é a dificuldade de lidar com as diferenças.

Sobre o autor

Caminhante Diurno

Caminhante tem casa, marido, cachorro, blogs (Caminhante Diurno e Caminhando por Fora), carteirinha da biblioteca. E não pode viver sem qualquer um deles.




Postado no blog Livros e Afins em 26/06/2012