A pior política é aquela feita com rancor




Marco Antonio Araujo

Só para ficar claro, já que estamos às vésperas de uma acirrada e tensa disputa eleitoral: eu respeito quem tem posições políticas distintas da minha, quem pensa o contrário do que eu penso. Eu preciso de pessoas assim, que me despertem um novo olhar.

Mas não respeito — na verdade, eu desprezo — quem tem como posição política ser contra algo ou alguém. Gente incapaz de afirmar um ponto de vista, mas que vive destruindo a perspectiva do outro, a utopia do outro, a esperança do outro. Gente que mata o outro.

Que você seja contra Lenin, Che Guevara, o PT, tudo bem. Para efeito de raciocínio, o mesmo se aplica a quem não suporta Obama, Aécio, Maluf. OK. Mas, por favor, não faça de sua vida uma campanha interminável contra seus inimigos de pensamento. Não abdique da civilidade mais rudimentar. Não se torne um fascista, um retórico fundamentalista, uma pessoa movida a ódio.

Diga o que você pensa, no que você acredita, me ensine o que o move. Eu vou ouvir. Eu preciso entender do que se trata. Todos precisamos. É assim que funciona o debate, a democracia, a liberdade.

Mas, ao falar de política, não cuspa sobre mim seu rancor, suas frustrações, seus fracassos, seus medos, sua ignorância. Quem faz isso é um assassino político, um psicopata político, um tarado político, um analfabeto político.

Pare de eliminar o outro. Deixe de ser intolerante. Não propague infâmias e calúnias sem checar a procedência. Não desqualifique seu oponente apenas por pensar diferentemente de você e suas supostas verdades.

Diga-me quem são seus exemplos, suas apostas, suas dúvidas, seus candidatos. Você não os tem? Então admita que você está sozinho, com medo, infeliz. Não me faça participar da sua solidão política.


Postado no blog O Provocador em 30/04/2014



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