Marco civil da internet, a igualdade na rede




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Neutralidade engajada

Juremir achado da Silva

O Brasil é um país desatento. Fica distraído com suas tantas (des)graças que, às vezes, nem percebe as desgraças maiores. Ainda mais quando elas parecem tão abstratas. Como se preocupar com o Marco Civil da Internet e com a neutralidade da rede quando mulheres são arrastadas por carros em ruas de grandes cidades e a Fifa não para de meter a mão em nosso dinheiro no desespero para lucrar míseros R$ 4 bilhões às nossas custas?

A questão é que o Marco Civil da Internet, a ser votado, algum dia, na Câmara dos Deputados é muito importante.

O xis da questão do Marco Civil da Internet é a tal neutralidade da rede. O relator do projeto, o petista Alesandro Molon, defende, como qualquer usuário da internet, a preservação da neutralidade da rede. O PMDB, do novo todo poderoso deputado Eduardo Cunha, é contra a neutralidade. Por coincidência, as poderosas teles, as megaempresas fornecedoras de acesso à internet, também pensam como o peemedebista Eduardo Cunha. A quebra da neutralidade da rede é o pior desserviço que poderá ser prestado por alguém ao Brasil. Toda a obra negativa de José Sarney ao longo da vida é nada perto desse golpe.

Acabar com a neutralidade da rede significa produzir uma internet para privilegiados e outra para a plebe. Uma internet para acessar e-mail e outras para baixar vídeos. Uma internet com cara de televisão a cabo. Uma internet como correio convencional na qual o Sedex chega mais rápido. Uma internet em que certos conteúdos poderão trafegar mais rápido favorecendo certos clientes. Até agora, na rede, todo mundo é igual ou muito parecido. Isso atrapalha os negócios das teles. Eduardo Cunha pretende corrigir essa injustiça, salvo se o governo federal lhe der alguma compensação para ficar neutro.

O fim da neutralidade da rede é como tomar doce de criança, chutar o seu cachorro e ainda exigir indenização na justiça. Mais ou menos como fizeram os americanos em 1964: fomentaram o golpe no Brasil, deslocaram uma frota para o caso de haver necessidade de apoio mais robusto aos amigos golpistas e depois pediram indenização pelos gastos com a força amiga mobilizada em “nosso favor”. A internet incomoda muita gente com sua falta de hierarquia. Os donos do dinheiro ainda não conseguem ganhar dinheiro com ela à moda antiga. É moderna demais. Eduardo Cunha quer dar um empurrão para que a rede salte para o passado. O que leva o nobre deputado a agir assim?

Será que está de olho em algum financiamento de campanha? Será que não navega na internet? Será que só deseja chantagear o governo? Será que é taipa mesmo? Eduardo Cunha é hoje um dos deputados mais poderosos do país. Quanto mais faz bobagens, mais se destaca.

No mundo inteiro civilizado a defesa da neutralidade da rede é uma causa sagrada. Por aqui, não passa de um assunto obscuro. Tão obscuro que poderá ser decidido pelo obscurantismo do sombrio Eduardo Cunha. 

Não estará na hora de a população dar um sinal de luz. Algo assim: alto lá, deputado! Enquanto o país se distrai, Eduardo Cunha prepara o assalto. Faz reféns. Pede resgate. Estamos nas mãos dele.



Postado no Blog Juremir Machado da Silva em 20/03/2014


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