No Brasil, quem constrói prisão é bandido




Para os patriotas que consideram a condenação de João Paulo Cunha uma nova era no combate à corrupção no Brasil, uma pergunta: quantos acreditam que irão para a cadeia os responsáveis pela construção de presídios superfaturados e com paredes tão finas quanto as de conjuntos habitacionais?
Pois é. O próprio Ministério da Justiça interrompeu o financiamento de oito penitenciárias na Bahia, Rio Grande do Sul, Alagoas e Maranhão.
Ladrões de dinheiro público profissionais, quando causam prejuízos, fazem questão de também colocar vidas em risco e lesar na alma o que nos resta de cidadania. São do mal, gente ruim.
Quem é capaz de construir prisões que virão abaixo na primeira rebelião? Tem de ser um tipo de criminoso muito frio, sem nenhum fiapo de caráter.
Estavam construindo celas com paredes tão finas que poderiam ser derrubadas com um simples golpe de marreta. Os tetos corriam risco de desabamento.
E o preço cobrado por isso tudo, evidentemente, era estratosférico: mais de R$ 1 bilhão estava direcionado para esse plano de redução do déficit de vagas no nosso superlotado sistema prisional. Uma das celas, orçada por R$ 86 mil era encontrada no mercado por R$ 45 mil.
Caso as investigações da Polícia Federal se mostrem corretas, é bem capaz de concluirmos que os empreiteiros responsáveis agiram em causa própria.
Se o assalto aos cofres públicos desse errado, se por um milagre fossem condenados pela Justiça, o golpe de mestre já estava armado: iriam para uma dessas cadeias que eles mesmo construíram. Moleza.

Postado no blog O Provocador em 04/09/2012




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